Eduardo Tagliaferro participou de audiência pública no Senado, mas a mídia velha nem compareceu. Não pode perder os R$ 3,5 bilhões de verba do Governo Federal
A Comissão de Segurança Pública ouviu o ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral, Eduardo Tagliaferro. Ele afirmou a senadores que o material que ficou conhecido como Vaza Toga, com indícios de irregularidades cometidas pelo ministro Alexandre de Moraes na condução do inquérito das fake News, é legítimo, que não há manipulação nas mensagens. Tagliaferro disse que Moraes promoveu uma caça a pessoas do espectro da direita.
“Havia assim, de fato, um direcionamento político, de cunho político feito por ele para impor a sua equipe e seus colaboradores mais próximos com o objetivo de, naquele momento, denegrir a imagem de um polo político e exaltar a imagem de outro polo político. Isso é gravíssimo e isso atentou contra as eleições”.
Tagliaferro explicou que quando passou a integrar a equipe de Moraes ouviu que era preciso dar rapidez às ações, mesmo passando por cima de ritos e procedimentos.
Precisa de celeridade porque se for usar a burocracia vai demorar muito e a democracia precisa de uma solução, precisa ser amparada. Era isso que era falado.
Tagliaferro apresentou ainda novos documentos com datas periciadas que supostamente provariam que Moraes se baseou em matéria de um site sobre conversas privadas em WhatsApp para investigar empresários. O presidente da CSP, Flávio Bolsonaro, senador do PL do Rio de Janeiro, manifestou indignação com a chamada pesca probatória empreendida por Moraes.
“(Bolsonaro): Há uma matéria jornalística, o ministro Alexandre de Moraes dá a ordem para essa assessoria de combate à desinformação produzir algum relatório, determina a busca e apreensão somente com base na matéria do jornal, sem saber se aqueles diálogos eram verdadeiros ou não, se tinha se autenticidade ou não. Depois o outro desembargador que é juiz auxiliar dele pede ajuda ao senhor Eduardo Tagliaferro para auxiliá-lo a confeccionar um novo fundamento da decisão, é isso? (Tagliaferro): Exatamente, senador. (Bolsonaro): Então o senhor consegue provar que o fundamento para a busca e apreensão foi feito depois da busca e apreensão. Então houve uma fraude no documento, é isso? (Tagliaferro): Exatamente”.
Depois do início das investigações sobre o vazamento das conversas à imprensa, Tagliaferro, que já havia pedido demissão 6 vezes, foi exonerado e deixou o país em direção à Itália, onde vive. A Procuradoria-Geral da República apresentou denúncia contra ele por violação de sigilo funcional e obstrução da justiça e o governo brasileiro pediu à Itália a sua extradição. Também foram convidados dois juízes que integravam a equipe de Moraes, Marco Antônio Martins Vargas, e Airton Vieira. Ambos não compareceram à audiência pública.
Fonte: Agência Senado