A Comissão de Segurança Pública ouviu, na quarta-feira, 30/4, os jornalistas Sérgio Tavares e Glenn Greenwald sobre ameaças de morte que teriam sido feitas contra Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do juiz Alexandre de Moraes. Áudios e conversas que os jornalistas conseguiram revelar mostram o medo de Tagliaferro de sofrer retaliações por causa do vazamento de informações à imprensa sobre ações duvidosas que, supostamente, teriam sido ordenadas por Moraes.
Eduardo Tagliaferro assessorou o ministro do Supremo Tribunal Federal e então presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, durante as eleições de 2022. Deixou o cargo em 2023, e está sendo investigado pela Polícia Federal pelo suposto vazamento de conversas, publicadas pelo jornalista Glenn Greenwald na Folha de S. Paulo, que mostravam procedimentos questionáveis de Moraes para a criminalização de alvos específicos. O jornalista português Sérgio Tavares explicou aos senadores da Comissão de Segurança Pública que teve acesso a conversas expondo o temor de Tagliaferro em relação ao ex-chefe e publicou no seu canal no Youtube.
“Que a mim, pessoalmente, não me interessa quem gravou, se foi o Osvaldo Eustáquio, se foi o Zé Manuel, se foi o Chico, se foi o Francisco, a mim o que me interessou foi o conteúdo dos áudios, que era fidedigno. Isso era muito importante e gravíssimo, o conteúdo gravíssimo, onde temos um homem o assessor, o homem forte de Alexandre de Moraes a dizer que tem medo que lhe matem a família e tem medo que matem ele. Ele desesperado a dizer que tinha provas para deitar Alexandre de Morais abaixo”.
O presidente da CSP, senador Flávio Bolsonaro, do PL do Rio de Janeiro, considerou muito graves as informações trazidas pelo jornalista.
“E muitas vezes, como como foi dito, também nessas matérias e aqui o Glenn reforçou, até sem o sem o processo. Nem processo existia. Existia uma investigação preliminar qualquer, onde o Ministério público não era ouvido, a polícia não era ouvida, ninguém era ouvido. E ele simplesmente tomava as medidas que achava que tinha que tomar, como entendia também, sempre alegando que era em defesa da democracia, mas desrespeitando todos os princípios que a Constituição prevê para você fazer investigação sobre qualquer pessoa”.
O ex-assessor de Moraes, Eduardo Tagliaferro, enviou um áudio aos senadores para justificar a ausência na sessão.
“Boa tarde a todos, Eduardo Tagliaferro aqui falando, queria agradecer o convite que recebi através de meu advogado, doutor Eduardo Pontes, infelizmente não pude comparecer por questões pessoais e pela preservação da minha segurança, da minha família, mas no momento oportuno estarei à disposição de todos dessa comissão”.
O ministro Alexandre de Moraes e os juízes auxiliares de Moraes, Marco Antônio Martins Vargas e Airton Vieira, foram convidados para a audiência pública mas não compareceram, mas se fosse para ir a Londres, Madrid ou Paris iriam passear.
Fonte: Senado Federal